Teníase e Cisticercose
Classe – Cestodas
Filo – Platyhelminthes
Parasitas Hermafroditas, de tamanhos variados
Hospedeiros: Animais vertebrados
Corpo achatado dorsoventralmente
Órgãos de adesão na extremidade anterior (mais estreita)
Sem cavidade geral e sem sistema digestório
Família Taenidae: principais parasitos de seres humanos
Espécies: Taenia solium e Taenia saginata – Solitárias
Taenia solium e Taenia saginata
Complexo teníase-cisticercose
Teníase: forma adulta da T.solium e da T. saginata no Intestino Delgado do hospedeiro definitivo (ser humano).
Cisticercose: larva (“canjiquinha”) presente nos tecidos do hospedeiro intermediário (suíno ou bovino).
Larvas da T.solium podem se hospedar em cães, gatos, macacos e humanos.
Teníase: Sintomas inespecíficos: manifestações generalizadas no aparaelho digestivo, nervoso, deficiências nutricionais e, algumas vezes, mudanças comportamentais. Pode haver técnicas inadequadas na pesquisa do parasito.
Cisticercose animal: Diagnóstico deve ser feito no abate, porém pode ocorrer de forma inadequada ou não ser realizado.
Cisticercose humana: Tecnologias de diagnóstico muito caras.
Falta de obrigatoriedade da notificação do complexo teníase – cisticercose
Epidemiologia
Estão presentes em todo mundo.
Populações com hábito de comer carne bovina ou suína, crua ou malcozida.
Problema de saúde pública: ocorrem onde há condições sanitárias, socioeconômicas e culturais precárias.
Prejuízos econômicos: nas áreas de produção de gado, carcaças infectadas são condenadas ao abate.
T. saginata é mais comum.
77 milhões: T. saginata, 4 milhões: T. solium
África, Ásia, América do Sul e América do Norte.
Cisticercose: Endêmica nas áreas rurais da América Latina, África e Ásia.
Neurocisticercose é a doença parasitária mais comum do sistema nervoso humano.
Número cada vez maior de registros tem sido feito em países desenvolvidos, oriundos de migrantes de áreas endêmicas.
Brasil:
Dados imprecisos e escassos.
Cisticercose é endêmica no país.
Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Apesar de poucos relatos, a Região Nordeste apresenta condições favoráveis para as doenças.
Por que os dados são imprecisos?
-Dificuldade de diagnóstico: manifestações clínicas comuns a outras doenças, técnicas inadequeadas ou caras.
-Notificação aos órgãos de saúde não é obrigatória em todos os estados.
Morfologia
-Verme adulto: Corpo achatado dorsoventralmente, em forma de fita.
Cor branca leitosa com a extremidade anterior bastante afilada
Escólex: Pequena dilatação na extremidade anterior
Realiza fixação a mucosa do Intestino delgado
Possui um anel nervoso, com nervos para as ventosas e ganchos
T. Solium: Globoso, 4 ventosas, com Rostelo e Acúleos
T. Saginata: Quadrangular, 4 ventosas, Sem Rostelo e Sem Acúleos
Colo (Pescoço):Porção mais delgada
Responsável pelo crescimento
Estróbilo: Restante do corpo após o colo
Cada segmento é um Proglote ou anel.
Taenia solium: 800 a 1000 proglotes. 3m
Taenia saginata: mais de 1000 proglotes. 8m
Estrobilização progressiva: à medida que cresce o colo, ocorre a delimitação dos proglotes e cada um inicia a formação de seus órgãos.
Quanto mais afastadas do escólex, mais evoluídas são as Proglotes. Cada proglote contém músculos, parênquima, células-flama, canais excretores (protonefrídios) e nervos. Canais excretores percorrem lateralmente o corpo do cestódeo e se interligam na parte posterior do último segmento, formando a vesícula excretora e o poro excretor.
Células flama (ou solenócitos) captam excretas do espaço interno e as lançam nos canais excretores (protonefrídeos), que por sua vez se abrem em poros excretores dorsais.
Proglotes Jovens:
Mais curtas. Apresentam Protandria: início do desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos, os quais se formam primeiramente do que os femininos.
Proglotes Maduros:
Órgãos reprodutores completos e aptos para fecundação, a qual pode ser:
-Autofertilização (mesmo segmento)
-Fertilização entre dois segmentos do mesmo Cestoda.
-Fertilização entre dois Cestodas diferentes.
Proglotes Grávidos:
Situados mais distante do escólex. Mais compridos.
Útero se ramifica cada vez mais, de modo a ficar repleto de ovos.
Sofrem Apólise: desprendem-se espontaneamente do Estróbilo.
Taenia solium: Globoso, menor número de proglotes, Menos ramificações, aleatórias, dendríticas. Saem passivamente com as fezes 3 a 6 anéis unidos.
Taenia saginata: Quadrangular, maior número de proglotes, Muitas ramificações, dicotômicas.
Saem ativamente no intervalo das defecações. Podem se deslocar, graças a sua musculatura robusta, e contaminar a roupa íntima do hospedeiro. Destacam-se separadamente.
Uma membrana celular forma a interface parasito-hospedeiro, pela qual ocorrem as trocas nutritivas e a excreção de resíduos metabólicos.
Microvilosidades especiais, as Microtríquias, aumentam a área de contato do parasito com o meio exterior.
São revestidas pelo Glicocálix, o qual realiza absorção de nutrientes, proteção contra enzimas digestivas do hospedeiro e manutenção da integridade da superfície do parasito.
Vilosidades oferecem resistência contra a corrente intestinal
Ovos:
Esféricos. Indistinguíveis
Possuem um Embrióforo: Casca protetora compostos de quitina. Resistência ao ambiente.
Internamente contém o Embrião (Hexacanto ou Oncosfera), com 3 pares de Acúleos e dupla membrana.
Cisticerco: Larva
Vesícula translúcida com líquido claro.
Escólex invaginando, com 4 ventosas e colo.
Parede da vesícula contém 3 membranas:
Articular ou Externa; Celular ou Intermediária;
e Reticular ou Interna.
Taenia solium: Cysticercus cellulosae
Contém Rostelo e Acúelos.
Causa Cisticercose humana.
Forma anômala: Cysticercus racemosus.
Taenia saginata: Cysticercus bovis.
Não contém Rostelo ou Acúelos.
Pode se manter no Sistema Nervoso Central durante vários anos.
Estágios de desenvolvimento:
-Estágio vesicular: Membrana delgada, Líquido incolor, Escólex normal.
Fica ativo por tempo indeterminado ou inicia processo degenerativo a partir da resposta imune do hospedeiro.
-Estágio coloidal: Líquido turvo e Escólex em degeneração.
-Estágio granular: Membrana espessa, Deposição de Cálcio no gel vesicular. Escólex mineralizado e granular.
-Estágio granular calcificado: Cisticerco calcificado e de tamanho bem reduzido.
Habitat
T. solium e T. saginata: Intestino delgado humano.
T. cellulosae: Tecido subcutâneo, muscular, cardíaco e nos olhos de suínos, humanos e cães. Nos dois últimos, ocorre de forma acidental.
T. bovis: Tecidos dos bovinos.
Ciclo Biológico
1) Humanos parasitados eliminam nas fezes as Proglotes grávidas para o meio exterior (solo, por exemplo), onde as mesmas se rompem e liberam os ovos.
2) Ovos tem grande longevidade em ambiente úmido.
Hospedeiro intermediário ingere os ovos. T. solium: suíno, T. saginata: bovino.
3) Oncosferas são liberadas e atingem as Vilosidades do Intestino. Em seguida, se dirigem aos Vasos Linfáticos, por meio dos quais atingem diversos tecidos do hospedeiro.
4) Oncosfereas se desenvolvem em Cisticerco, principalmente em áreas de grande movimentação e oxigenação, como os músculos, a língua, o coração e o cérebro.
5)Humano ingere carne crua ou malcozida, bovina ou suína, infectada com Cisticercos.
6) Cisticercos se instalam na mucosa do Intestino delgado humano, onde se transformam em Tênia Adulta.
7) Após 3 meses, Proglotes grávidas começam a ser eliminadas nas fezes do humano.
T. saginata também pode ser eliminada pela boca.
T.solium pode durar até 3 anos, enquanto a T. saginata dura até 10.
Transmissão
Teníase:
Hospedeiro definitivo (humano) infecta-se ao ingerir carne suína ou bovina, crua ou malcozida, infectada pelo Cisticerco.
Cisticercose humana:
Ingestão acidental de ovos de T. solium eliminados nas fezes de humanos infectados com Teníase.
-Autoinfecção externa: Portadores da T. solium levam a boca proglotes e ovos eliminados em suas fezes. Isso ocorre por mãos contaminadas ou por coprofagia.
-Autoinfecção interna: Ocorre durante vômitos ou movimentos peristálticos no Intestino delgado, possibilitando a presença de proglotes grávidas ou ovos de T. solium nesse órgão.
-Heteroinfecção: Humanos ingerem alimentos ou água contaminados com ovos de T. solium disseminados a partir de dejetos de outros indivíduos infectados.
Patogenia e Sintomatologia
-Teníase
Embora popularmente conhecida como “solitária”, pode haver presença de mais de um verme no intestino.
Parasitas podem excretar substâncias que ocasionam processos alérgicos.
Fixação na mucosa pode gerar hemorragia.
Pode ainda ocorrer destruição do epitélio e inflamação com a formação de muco.
Parasitos realizam competição nutricional com o hospedeiro
Sintomas:
Tonturas, astenia, apetite excessivo, náuseas, vômitos, alargamento do abdome, dor e perda de peso.
Obstrução intestinal: raro.
-Cisticercose
Doença pleomórfica: Cisticerco pode alojar-se em músculos, glândula mamária, globo ocular e, principalmente, Sistema Nervoso Central intramedular.
Muscular ou Subcutânea: Em geral assintomática. Reação local com a formação de uma membrana adventícia fibrosa. Tendência à calcificação.
Dor, fadiga e câimbras.
Afeta pernas, região lombar e nuca.
Palpável no tecido subcutâneo.
Cardíaca: Palpitações, ruídos anormais e dispneia
Glândulas mamárias: Raro. Nódulo indolor com limites precisos, móvel ou com tumoração.
Ocular: Descolamento de Retina, reações inflamatórias exsudativas, opacificação do humor vítreo, problemas na íris, uveítes e até pantoftalmias. Pode levar à catarata, perda total ou parcial da visão, desorganização intraocular e perda do olho.
Sistema Nervoso Central:
1)Presença de Cisticerco no Parênquima cerebral ou nos espaços liquóricos.
2)Inflamação
3)Fibroses, granulomas e calcificações
Crises epilépticas, Hipertensão intracraniana, Cefaleias, Meningite cisticercose, Distúrbios psíquicos e Síndrome medular.
Piores manifestações ocorrem no momento de degeneração da larva.
Diagnóstico
Parasitológico: -Pesquisa de proglotes e ovos de tênia nas fezes
– Método da fita gomada
– Lavagem em peneira fina: diagnóstico específico
Clínico:
Anamnese: Questionário sócio-cultural
Exame físico: Presença de nódulos
Biópsias, necropsias e cirurgias
Exame de fundo de olho
Diagnóstico imunológico: ELISA, PCR
Neuroimagem: Tomografia, Ressonânica magnética.
Profilaxia
Controle da carne
Educação sanitária
Controle dos infectados
Melhoria do sistema de criação dos animais
Vacina* – hospedeiro intermediário
- Apresentação em ppt: Cestodas 09