Aula 10 – Taenia (Cestodas)

Teníase e Cisticercose

Classe –  Cestodas 

Filo – Platyhelminthes

Parasitas Hermafroditas, de tamanhos variados

Hospedeiros: Animais vertebrados

Corpo achatado dorsoventralmente

Órgãos de adesão na extremidade anterior (mais estreita)

Sem cavidade geral e sem sistema digestório

Família Taenidae: principais parasitos de seres humanos

Espécies: Taenia solium e Taenia saginata – Solitárias

Taenia solium e Taenia saginata 

Complexo teníase-cisticercose

Teníase: forma adulta da T.solium e da T. saginata no Intestino Delgado do hospedeiro definitivo (ser humano).

Cisticercose: larva (“canjiquinha”) presente nos tecidos do hospedeiro intermediário (suíno ou bovino).

Larvas da T.solium podem se hospedar em cães, gatos, macacos e humanos.

Teníase: Sintomas inespecíficos: manifestações generalizadas no aparaelho digestivo, nervoso, deficiências nutricionais e, algumas vezes, mudanças comportamentais. Pode haver técnicas inadequadas na pesquisa do parasito.

Cisticercose animal: Diagnóstico deve ser feito no abate, porém pode ocorrer de forma inadequada ou não ser realizado.

Cisticercose humana: Tecnologias de diagnóstico muito caras.

Falta de obrigatoriedade da notificação do complexo teníase – cisticercose

Epidemiologia

Estão presentes em todo mundo.

Populações com hábito de comer carne bovina ou suína, crua ou malcozida.

Problema de saúde pública: ocorrem onde há condições sanitárias, socioeconômicas e culturais precárias.

Prejuízos econômicos: nas áreas de produção de gado, carcaças infectadas são condenadas ao abate.

T. saginata é mais comum.

77 milhões: T. saginata, 4 milhões: T. solium

África, Ásia, América do Sul e América do Norte.

Cisticercose: Endêmica nas áreas rurais da América Latina, África e Ásia.

Neurocisticercose é a doença parasitária mais comum do sistema nervoso humano.

Número cada vez maior de registros tem sido feito em países desenvolvidos, oriundos de migrantes de áreas endêmicas.

Brasil:

Dados imprecisos e escassos.

Cisticercose é endêmica no país.

Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Apesar de poucos relatos, a Região Nordeste apresenta condições favoráveis para as doenças.

Por que os dados são imprecisos?

-Dificuldade de diagnóstico: manifestações clínicas comuns a outras doenças, técnicas inadequeadas ou caras.

-Notificação aos órgãos de saúde não é obrigatória em todos os estados.

Morfologia 

-Verme adulto: Corpo achatado dorsoventralmente, em forma de fita.

Cor branca leitosa com a extremidade anterior bastante afilada

Escólex: Pequena dilatação na extremidade anterior

Realiza fixação a mucosa do Intestino delgado

Possui um anel nervoso, com nervos para as ventosas e ganchos

T. Solium: Globoso, 4 ventosas, com Rostelo e Acúleos

T. Saginata: Quadrangular, 4 ventosas, Sem Rostelo e Sem Acúleos

Colo (Pescoço):Porção mais delgada

Responsável pelo crescimento

Estróbilo: Restante do corpo após o colo

Cada segmento é um Proglote ou anel.

Taenia solium: 800 a 1000 proglotes. 3m

Taenia saginata: mais de 1000 proglotes.  8m

Estrobilização progressiva: à medida que cresce o colo, ocorre a delimitação dos proglotes e cada um inicia a formação de seus órgãos.

Quanto mais afastadas do escólex, mais evoluídas são as Proglotes. Cada proglote contém músculos, parênquima, células-flama, canais excretores (protonefrídios) e nervos. Canais excretores percorrem lateralmente o corpo do cestódeo e se interligam na parte posterior do último segmento, formando a vesícula excretora e o poro excretor.

Células flama (ou solenócitos) captam excretas do espaço interno e as lançam nos canais excretores (protonefrídeos), que por sua vez se abrem em poros excretores dorsais.

Proglotes Jovens:

Mais curtas. Apresentam Protandria: início do desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos, os quais se formam primeiramente do que os femininos.

Proglotes Maduros:

Órgãos reprodutores completos e aptos para fecundação, a qual pode ser:

-Autofertilização (mesmo segmento)

-Fertilização entre dois segmentos do mesmo Cestoda.

-Fertilização entre dois Cestodas diferentes.

Proglotes Grávidos:

Situados mais distante do escólex. Mais compridos.

Útero se ramifica cada vez mais, de modo a ficar repleto de ovos.

Sofrem Apólise: desprendem-se espontaneamente do Estróbilo.

Taenia solium: Globoso, menor número de proglotes, Menos ramificações, aleatórias, dendríticas. Saem passivamente com as fezes 3 a 6 anéis unidos.

 

Taenia saginata: Quadrangular, maior número de proglotes, Muitas ramificações, dicotômicas.

Saem ativamente no intervalo das defecações. Podem se deslocar, graças a sua musculatura robusta, e contaminar a roupa íntima do hospedeiro. Destacam-se separadamente.

Uma membrana celular forma a interface parasito-hospedeiro, pela qual ocorrem as trocas nutritivas e a excreção de resíduos metabólicos.

Microvilosidades especiais, as Microtríquias, aumentam a área de contato do parasito com o meio exterior.

São revestidas pelo Glicocálix, o qual realiza absorção de nutrientes, proteção contra enzimas digestivas do hospedeiro e manutenção da integridade da superfície do parasito.

Vilosidades oferecem resistência contra a corrente intestinal

Ovos:

Esféricos. Indistinguíveis

Possuem um Embrióforo: Casca protetora compostos de quitina. Resistência ao ambiente.

Internamente contém o Embrião (Hexacanto ou Oncosfera), com 3 pares de Acúleos e dupla membrana.

Cisticerco: Larva

Vesícula translúcida com líquido claro.

Escólex invaginando, com 4 ventosas e colo.

Parede da vesícula contém 3 membranas:

Articular ou Externa; Celular ou Intermediária;

e Reticular ou Interna.

Taenia solium: Cysticercus cellulosae

Contém Rostelo e Acúelos.

Causa Cisticercose humana.

Forma anômala: Cysticercus racemosus.

 

Taenia saginata: Cysticercus bovis.

Não contém Rostelo ou Acúelos.

Pode se manter no Sistema Nervoso Central durante vários anos.

Estágios de desenvolvimento:

-Estágio vesicular: Membrana delgada,  Líquido incolor, Escólex normal.

Fica ativo por tempo indeterminado ou inicia processo degenerativo a partir da resposta imune do hospedeiro.

-Estágio coloidal: Líquido turvo e Escólex em degeneração.

-Estágio granular: Membrana espessa, Deposição de Cálcio no gel vesicular. Escólex mineralizado e granular.

-Estágio granular calcificado: Cisticerco calcificado e de tamanho bem reduzido.

Habitat

T. solium e T. saginata: Intestino delgado humano.

T. cellulosae: Tecido subcutâneo, muscular, cardíaco e nos olhos de suínos, humanos e cães. Nos dois últimos, ocorre de forma acidental.

T. bovis: Tecidos dos bovinos.

 

Ciclo Biológico

1) Humanos parasitados eliminam nas fezes as Proglotes grávidas para o meio exterior (solo, por exemplo), onde as mesmas se rompem e liberam os ovos.

2) Ovos tem grande longevidade em ambiente úmido.

Hospedeiro intermediário ingere os ovos. T. solium: suíno, T. saginata: bovino.

3) Oncosferas são liberadas e atingem as Vilosidades do Intestino. Em seguida, se dirigem aos Vasos Linfáticos, por meio dos quais atingem diversos tecidos do hospedeiro.

4) Oncosfereas se desenvolvem em Cisticerco, principalmente em áreas de grande movimentação e oxigenação, como os músculos, a língua, o coração e o cérebro.

5)Humano ingere carne crua ou malcozida, bovina ou suína, infectada com Cisticercos.

6) Cisticercos se instalam na mucosa do Intestino delgado humano, onde se transformam em Tênia Adulta.

7) Após 3 meses, Proglotes grávidas começam a ser eliminadas nas fezes do humano.

T. saginata também pode ser eliminada pela boca.

T.solium pode durar até 3 anos, enquanto a T. saginata dura até 10.

Transmissão

Teníase:

Hospedeiro definitivo (humano) infecta-se ao ingerir carne suína ou bovina, crua ou malcozida, infectada pelo Cisticerco.

Cisticercose humana:

Ingestão acidental de ovos de T. solium eliminados nas fezes de humanos infectados com Teníase.

-Autoinfecção externa: Portadores da T. solium levam a boca proglotes e ovos eliminados em suas fezes. Isso ocorre por mãos contaminadas ou por coprofagia.

-Autoinfecção interna: Ocorre durante vômitos ou movimentos peristálticos no Intestino delgado, possibilitando a presença de proglotes grávidas ou ovos de T. solium nesse órgão.

-Heteroinfecção: Humanos ingerem alimentos ou água contaminados com ovos de T. solium disseminados a partir de dejetos de outros indivíduos infectados.

Patogenia e Sintomatologia

-Teníase

Embora popularmente conhecida como “solitária”, pode haver presença de mais de um verme no intestino.

Parasitas podem excretar substâncias que ocasionam processos alérgicos.

Fixação na mucosa pode gerar hemorragia.

Pode ainda ocorrer destruição do epitélio e inflamação com a formação de muco.

Parasitos realizam competição nutricional com o hospedeiro

Sintomas:

Tonturas, astenia, apetite excessivo, náuseas, vômitos, alargamento do abdome, dor e perda de peso.

Obstrução intestinal: raro.

-Cisticercose

Doença pleomórfica: Cisticerco pode alojar-se em músculos, glândula mamária, globo ocular e, principalmente, Sistema Nervoso Central intramedular.

Muscular ou Subcutânea: Em geral assintomática. Reação local com a formação de uma membrana adventícia fibrosa. Tendência à calcificação.

Dor, fadiga e câimbras.

Afeta pernas, região lombar e nuca.

Palpável no tecido subcutâneo.

Cardíaca: Palpitações, ruídos anormais e dispneia

Glândulas mamárias: Raro. Nódulo indolor com limites precisos, móvel ou com tumoração.

Ocular: Descolamento de Retina, reações inflamatórias exsudativas, opacificação do humor vítreo, problemas na íris, uveítes e até pantoftalmias. Pode levar à catarata, perda total ou parcial da visão, desorganização intraocular e perda do olho.

Sistema Nervoso Central:

1)Presença de Cisticerco no Parênquima cerebral ou nos espaços liquóricos.

2)Inflamação

3)Fibroses, granulomas e calcificações

Crises epilépticas, Hipertensão intracraniana, Cefaleias, Meningite cisticercose, Distúrbios psíquicos e Síndrome medular.

Piores manifestações ocorrem no momento de degeneração da larva.

Diagnóstico 

Parasitológico: -Pesquisa de proglotes e ovos de tênia nas fezes

– Método da fita gomada

– Lavagem em peneira fina: diagnóstico específico

Clínico:

Anamnese: Questionário sócio-cultural

Exame físico: Presença de nódulos

Biópsias, necropsias e cirurgias

Exame de fundo de olho

Diagnóstico imunológico: ELISA, PCR

Neuroimagem: Tomografia, Ressonânica magnética.

Profilaxia

Controle da carne

Educação sanitária

Controle dos infectados

Melhoria do sistema de criação dos animais

Vacina* – hospedeiro intermediário

                                                 Taenia novo

Cysticercus cellulosae ovo de Taenia sp com oncofera e embrióforo proglote grav.-T. saginata proglote gravídico-taenia solium proglotes gravidicos Taenia solium

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